Plano Prelacto: equilíbrio nutricional e saúde no período de transição das vacas leiteiras

Diego Coró

Nutricionista de Ruminantes

22 outubro 2025
-
5 minutos

O período de transição — compreendido aproximadamente entre 21 dias antes e 21 dias após o parto — é considerado a fase mais crítica do ciclo produtivo de vacas leiteiras, pois envolve profundas adaptações metabólicas, hormonais e imunológicas necessárias para a retomada da lactação e o restabelecimento da homeostase.

Nesse intervalo, entre 30% e 50% das vacas desenvolvem alguma desordem metabólica ou infecciosa, com impacto direto sobre a produção, fertilidade e longevidade do rebanho (LeBlanc, 2010; Drackley, 1999; NASEM, 2021).

As principais enfermidades associadas a esse período incluem hipocalcemia (clínica e subclínica), cetose, retenção de placenta, metrite, deslocamento de abomaso e mastite.
Entre elas, a hipocalcemia subclínica é a mais prevalente, acometendo entre 25% e 54% das vacas multíparas (Reinhardt et al., 2011).

Após o parto, a demanda de cálcio (Ca) para a síntese de colostro e leite aumenta rapidamente — podendo ser 8 a 10 vezes superior à quantidade circulante no sangue. Esse desequilíbrio causa queda transitória na calcemia, comprometendo a função neuromuscular, a contratilidade uterina e a motilidade ruminal (Goff, 2008; Horst et al., 2020).

A deficiência de cálcio plasmático desencadeia um efeito em cascata, predispondo a outras doenças metabólicas. Vacas com hipocalcemia subclínica apresentam maior risco de desenvolver cetose secundária, retenção de placenta, metrite puerperal e mastite clínica, além de registrarem queda na produção de leite e aumento das taxas de descarte precoce, especialmente antes dos 100 dias de lactação (Oetzel, 2013; McArt et al., 2017).

Diante desse cenário, o Plano Prelacto surge como uma ferramenta estratégica de manejo nutricional e sanitário, desenvolvida pela De Heus, para otimizar o desempenho das vacas durante o período de transição.

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O Plano PreLacto é a resposta ao período mais crítico da vida de uma vaca e garante animais saudáveis, nas melhores condições possíveis para a próxima lactação.

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O programa atua na prevenção de desequilíbrios minerais, na adequação do balanço energético e na modulação da microbiota ruminal, promovendo um início de lactação mais saudável e produtivo.

Com a adoção de protocolos nutricionais, monitoramento contínuo e acompanhamento técnico especializado, o produtor pode reduzir significativamente a incidência de doenças e melhorar a eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho.


Referências:

Drackley, J.K. (1999). Biology of dairy cows during the transition period: The final frontier? Journal of Dairy Science, 82(11), 2259–2273.

Goff, J.P. (2008). The monitoring, prevention, and treatment of milk fever and subclinical hypocalcemia in dairy cows. Veterinary Journal, 176(1), 50–57.

Horst, R.L., Goff, J.P., & Reinhardt, T.A. (2020). Calcium and vitamin D metabolism in the dairy cow. Journal of Dairy Science, 103(1), 109–125.

LeBlanc, S.J. (2010). Monitoring metabolic health of dairy cattle in the transition period. Journal of Reproduction and Development, 56(Suppl), S29–S35.

McArt, J.A.A., Oetzel, G.R., & Overton, T.R. (2017). Associations of subclinical hypocalcemia with milk yield and risk of disease in Holstein cows. Journal of Dairy Science, 100(1), 742–751.

NASEM (2021). Nutrient Requirements of Dairy Cattle, 8th Revised Edition. The National Academies Press, Washington, D.C.

Oetzel, G.R. (2013). Subclinical hypocalcemia in dairy cattle. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, 29(2), 273–284.

Reinhardt, T.A., Lippolis, J.D., McCluskey, B.J., Goff, J.P., & Horst, R.L. (2011). Prevalence of subclinical hypocalcemia in dairy herds. Journal of Dairy Science, 94(7), 2080–2084.

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