A importância do controle da qualidade das matérias-primas para melhores resultados na produção de aves

Renata Soares Marangoni

Nutricionista de Aves

03 dezembro 2021
-
5 minutos

Na avicultura, a alimentação representa a maior parcela do custo de produção, assim como em grande parte das cadeias de produção de proteína animal. Diante disso, cada vez mais é preciso garantir que as aves tenham acesso a dietas com nutrientes necessários e adequados, garantindo alta produtividade, menores custos de produção e maior retorno financeiro para o avicultor.

Perante oscilações nos preços dos grãos e insumos no geral, os produtores buscam por ferramentas estratégicas que assegurem sua permanência e desenvolvimento em meio a um mercado extremamente competitivo.

Neste contexto podemos destacar alguns objetivos preconizados pelo pelas normas que regem a chamada Boas Práticas de Fabricação (BPF), entre eles a garantia da qualidade nutricional e sanitária dos alimentos, com foco na qualidade de matéria-prima.

O controle da qualidade dos ingredientes inicia-se antes de sua chegada à fábrica de ração e pode ser feito através da qualificação dos fornecedores e de análises físico-químicas no ato de recebimento das matérias-primas.

A qualificação de fornecedores é a confirmação de que um fabricante ou distribuidor é confiável do ponto de vista sanitário e que detém qualidade comprovada para entregar seus produtos dentro dos padrões desejados. É um processo contínuo e evolutivo onde os esforços dos executores visam qualificar ininterruptamente os fornecedores. Cada empresa deve determinar e aplicar critérios para a avaliação, seleção, monitoramento de desempenho e reavaliação de fornecedores.

Após garantir a compra de fornecedores de qualidade assegurada, é importante ressaltar os inúmeros benefícios das análises das matérias-primas como por exemplo:

  • Garantir que os ingredientes recebidos estejam dentro dos níveis nutricionais estabelecidos previamente nas especificações técnicas (padrões de matéria-prima)
  • Possibilitar o ajuste nas matrizes nutricionais das matérias-primas utilizadas, bem como a otimização da formulação das rações
  • Alcançar resultados de produto acabado com níveis de garantia mais próximos do esperado
  • Evitar problemas de contaminação e a presença de fatores antinutricionais nas rações
  • Possibilitar a implantação de procedimento que envolva a segregação de uma matéria-prima em instalações de armazenamento separadas com base nos valores diferentes de resultados de análises

A falta de uniformidade e alterações da qualidade das matérias-primas existentes no mercado brasileiro são alguns dos principais problemas enfrentados pela indústria de alimentação animal no país e, segundo Penz Jr. (1995), afetam a qualidade da ração, comprometendo o desempenho animal.

As análises de matéria-prima são ferramentas de extrema importância para garantir sua integridade e a qualidade das rações. Estas podem ser organizadas em grupos de acordo com sua frequência, tempo e possibilidade de execução:

  1. Análise de Recebimento: análises feitas antes da liberação das matérias-primas para descarga. Geralmente são análises rápidas e nem sempre são quantitativas, também são muito utilizadas para análises qualitativas. As análises de recebimento têm o objetivo de avaliar se o ingrediente atende os requisitos mínimos de qualidade física, química e/ou microbiológica, antes da descarga do ingrediente.
  2. Análise de Controle: são análises de monitoramento que devem ser realizadas após a liberação da carga. Essas análises são realizadas de acordo com a periodicidade previamente definida em esquema de análises e sua execução pode levar mais tempo
  3. Laudo de Qualidade: é de responsabilidade do fornecedor a emissão de laudos que acompanhem a carga e que certifique a conformidade de suas matérias-primas.

Sempre que pensamos em análises de matéria-prima, um dos principais procedimentos a ser avaliado de maneira criteriosa é a coleta da amostra. Para que a análise seja fidedigna do material amostrado, a coleta deverá ser feita de forma representativa do todo, em vários pontos.

Para definir um bom plano de amostragem é preciso levar em consideração o volume do lote, os aspectos físicos do produto a ser amostrado e a disposição do material. Quanto maior o número de pontos amostrados, maior é a sua representatividade.

Uma amostra representativa, é a amostra da qual a análise pode oferecer conclusões válidas sobre a população, para tanto é preciso que a amostra seja extraída de acordo com critérios bem definidos (CUNHA e CARVAJAL, 2009).

Existem vários tipos de análises e para que o monitoramento de matéria-prima e rações seja feito de forma efetiva é necessário avaliar a necessidade de cada um deles levando em consideração as principais características do produto a ser analisado.

  • Análises bromatológicas: tem como principal objetivo a obtenção da composição química dos alimentos, ou seja, a quantidade de nutrientes presentes no alimento. Exemplo: umidade, proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, matéria mineral, cálcio, fósforo, sódio, entre outras
  • Análises microbiológicas: visam identificar contaminações por bactérias, fungos e bolores como por exemplo: salmonelas, Clostridium sp, entre outras
  • Análises específicas: cada matéria-prima tem suas particularidades, é preciso verificar quais são os principais fatores que afetam sua integridade focando em seus fatores antinutricionais. Algumas análises físico-químicas são de fundamental importância para o controle da qualidade de matérias-primas e são específicas para cada tipo de ingredientes. Observe a tabela abaixo com alguns exemplos:Análises físico-químicas para controle da qualidade de matérias-primas

Em síntese, vale ressaltar que as rações produzidas e fornecidas às aves de produção, podem ser veículo para diversos tipos de contaminações. Para uma produção de alimentos seguros, diversos controles devem ser feitos com a finalidade de erradicar ou diminuir quaisquer riscos para a saúde animal e dos consumidores.

Conforme Brum et al. (2000), na formulação de dietas é imprescindível o conhecimento dos componentes nutritivos e da energia metabolizável de cada ingrediente que será utilizado. Isso é importante, pois se a dieta estiver desbalanceada poderá causar aumento no consumo de ração, baixo ganho de peso, pior conversão alimentar e consequentemente menor eficiência de produção

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