Um inspirador projeto de restauração com produtores locais: criando o Corredor de Biodiversidade Araguaia no Brasil

Adquirir matérias-primas de fontes sustentáveis significa proteger os ecossistemas naturais e a biodiversidade. Para apoiar a conservação global, a De Heus é parceira de longa data da Fundação Black Jaguar. Fundada por Ben Valks em 2009, essa organização sem fins lucrativos trabalha de forma comprometida com o processo de restauração ao longo das margens do Rio Araguaia, que conecta a Floresta Amazônica e o Cerrado brasileiro - dois dos mais importantes ecossistemas do mundo.

Ao plantar uma grande variedade de árvores nativas em grande escala, o projeto criará o Corredor de Biodiversidade Araguaia - uma artéria vital para muitas milhares de espécies de árvores e animais nativos que habitam os dois ecossistemas. A participação dos produtores rurais locais é fundamental para o projeto, não apenas porque suas terras fazem fronteira com o Rio Araguaia, mas também porque sua atividade depende desse ecossistema e de sua contribuição quanto à preservação do meio ambiente. Além disso, o corredor é de extrema importância para eles, devido à sua água e solo, e também por exigências legais. Três produtores explicam por que se uniram à equipe da Fundação Black Jaguar na região, como trabalham juntos e o que o mundo deveria saber sobre os proprietários de terras brasileiros e a preservação ambiental.

Restauração de áreas degradadas

"Sou agrônomo e minha família sempre se preocupou com a preservação", diz Marcos Mariani, proprietário da Fazenda Santa Fé - uma das primeiras propriedades a se associar à Fundação Black Jaguar. "É impossível produzir gado e cultivos sem preservação." Marcos percebeu isso quando uma seca em 1997 causou muita perda de vegetação na região. "Já havia altas taxas de degradação da terra, o que me motivou a me envolver na conservação e, eventualmente, fundei uma ONG, a Preserve Amazônia, para fins de conscientização dos produtores." Carlos Felix é proprietário da Fazenda Bela Vista, com 1.500 hectares, localizada ao longo do Rio Araguaia e ele também é apaixonado pela natureza. "Tenho pós-graduação em Ciências Ambientais e estou muito envolvido na restauração das margens do Araguaia", diz ele. "Aproximadamente 51% da minha fazenda é floresta nativa intacta, o que é muito incomum." 

A AgroSB opera cinco fazendas no estado do Pará e a empresa também deseja mostrar que a agricultura, a pecuária e a natureza podem caminhar juntas. "Estamos comprometidos com o desmatamento zero e temos padrões muito elevados de contribuição para o meio ambiente, a sociedade e em termos de liderança", diz Cristiano Soares, CEO das cinco fazendas. "Um ambiente em equilíbrio beneficia a criação de animais e a produção agrícola. Por exemplo, durante a estação chuvosa, se você tem uma área de floresta bem preservada, o escoamento das áreas de produção é muito melhor."

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Compromisso de longo prazo

Dado esse compromisso compartilhado com a preservação da terra, não é surpresa que esses produtores tenham sido receptivos às ambições da Fundação Black Jaguar. No entanto, a fundação sempre precisa superar algumas apreensões. "Outras organizações com grandes ambições iniciaram projetos de restauração nesta região remota, mas falharam em cumprir suas promessas", diz Ben Valks. "Elas subestimaram a complexidade da empreitada. Por exemplo, em nosso ciclo de restauração de 17 etapas, crescemos e plantamos cerca de 70 espécies diferentes de árvores nativas e temos que fazê-lo sem uma infraestrutura adequada. Temos que construir tudo do zero." O Brasil é um país vasto e a Fundação Black Jaguar trabalha em uma área muito remota, sem sistemas elétricos e de água funcionando adequadamente. A restauração não é para os fracos. "Temos que explicar para os produtores que estamos aqui para ficar", continua Ben. 

"Os primeiros 1.000 hectares de terra que restauramos são importantes porque dão confiança aos proprietários de terras. Uma parceria de longo prazo com uma empresa de nutrição animal e líder global em seu segmento como a De Heus também nos fortalece."

Ben Valks

Fundador da Black Jaguar Foundation

Abordagem passo a passo

Além das experiências negativas com iniciativas anteriores de restauração, a Fundação Black Jaguar também precisa superar a resistência dos moradores locais. "Alguns produtores estão preocupados que organizações de restauração apontem o dedo e atraiam atenção indesejada para o desmatamento", diz Cristiano. Como resultado, a equipe da Fundação Black Jaguar precisa ser muito cuidadosa em suas abordagens iniciais junto aos produtores. "O primeiro contato deles com os produtores é muito respeitoso e profissional", diz Carlos. "Eles também têm um bom plano, bem estruturado." Marcos concorda: "A fundação tem uma abordagem excelente. Eles usam uma linguagem muito clara, então é fácil falar com eles, e o pessoal deles é muito comprometido." A abordagem passo a passo da Fundação Black Jaguar também ajuda na conexão com os produtores locais. "Eles não querem expandir a qualquer custo", acrescenta Carlos. "Eles querem alcançar resultados gradualmente." 
Começar devagar e focar na qualidade em vez da quantidade é fundamental para a Fundação Black Jaguar. "É melhor ter uma área pequena com bons resultados do que uma área maior com resultados ruins", explica Ben. "Até o final do próximo ano, teremos plantado 2 milhões de árvores com uma taxa de sobrevivência de 90%. Nos preocupamos em trabalhar com qualidade, perspectiva de longo prazo e escala."

Conhecimento e experiência especializados

Embora impulsionados pelo próprio entusiasmo pela preservação, Carlos, Marcos e Cristiano também são legalmente obrigados a preservar a floresta nativa e restaurar áreas degradadas em suas terras, mas não podem fazer isso sozinhos. "Você precisa de conhecimento técnico e recursos, uma estrutura profissional e um plano", diz Marcos.

A Fundação Black Jaguar atende a essas necessidades vitais. "Replantar árvores nativas e restaurar a biodiversidade é algo muito diferente da monocultura, como a produção de soja e milho", diz Cristiano. "Precisamos que a fundação forneça o conhecimento especializado e o suporte físico." Ben explica ainda mais: "Isso requer muita habilidade e experiência. Você precisa saber quais árvores nativas plantar, onde e quando plantá-las, em que mistura e como mantê-las. Muitos proprietários querem preservar o meio ambiente e os ecossistemas locais com biodiversidade nativa, mas não têm o conhecimento e a expertise."
Uma fazenda é um negócio que precisa produzir e um parceiro de restauração precisa levar isso em consideração. "Você não pode proteger o meio ambiente desconsiderando o lado comercial das atividades, você tem que fazer ambos juntos e encontrar um bom equilíbrio", acrescenta Marco. "A equipe da Fundação Black Jaguar entende isso."

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Muito mais do que imaginam

O apoio dos produtores aos objetivos da fundação vai além de permitir o acesso às suas terras e facilitar o trabalho de restauração. Eles muitas vezes entram e fornecem ajuda adicional quando a Fundação Black Jaguar precisa. "Há alguns anos, precisávamos de um novo viveiro, que simplesmente não podíamos pagar. Isso foi antes de termos vários patrocinadores de longo prazo, como a De Heus", diz Ben. "Fizemos uma proposta para o Marcos e ele financiou e criou o viveiro em sua própria fazenda. Os proprietários de terras no Brasil estão fazendo muito mais pela preservação e restauração da terra do que as pessoas sabem, especialmente fora do Brasil."

Benefícios legais

Muitas pessoas fora do Brasil desconhecem o Código Florestal Brasileiro, o que exige que cada proprietário rural preserve uma certa área de suas terras para a natureza, é aí que a Fundação Black Jaguar entra. Além de preservar a qualidade do solo e da água para a agricultura e pecuária, o projeto beneficia os produtores do ponto de vista legal. “No meu estado, Tocantins, atualmente não há muita aplicação da legislação relacionada à restauração e preservação das terras, mas quando o governo começa a aplicar regulamentações, os produtores em conformidade evitam multas oriundas de irregularidades e podem obter empréstimos com maior facilidade. Dessa forma, a Fundação Black Jaguar está à frente do seu tempo."

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Apoio ao trabalho de campo: o que os produtores pensam da parceria da Fundação Black Jaguar com a De Heus?

"É uma ótima parceria porque a De Heus está apoiando a preservação em regiões agrícolas", diz Marcos. "Algumas empresas comerciais estão comprando fazendas, reflorestando-as e depois vendendo créditos de carbono, mas isso não é preservação." 
Cristiano vê a parceria de um ponto de vista mais comercial. "Esse tipo de contribuição é muito importante, porque as empresas na Europa precisam mostrar que seus produtos vêm de fontes sustentáveis", diz ele.
Para Carlos, a parceria ajudará a garantir o sucesso de longo prazo da Fundação Black Jaguar. "A parceria ajuda a destacar o que está acontecendo aqui na região de Santana do Araguaia. Isso fortalecerá o projeto e permitirá que a fundação cresça e alcance seus objetivos." Em resumo, é uma vitória de quatro vias para os produtores, a De Heus, a Fundação Black Jaguar e a biodiversidade no Brasil.

"Replantar árvores nativas e restaurar a biodiversidade é algo muito diferente da monocultura, como a produção de soja e milho. Precisamos que a Fundação Black Jaguar forneça o conhecimento especializado e o suporte físico."

Christiano Soares

Produtor rural

Produção e preservação

Marcos acredita que, juntamente com as grandes empresas, outros grupos precisam apoiar a Fundação Black Jaguar. "O público deve entender a importância de projetos como esse e se envolver", diz ele. "Os políticos brasileiros e europeus também precisam estar cientes dos projetos de restauração e promover a conservação." Uma conscientização mais ampla dos esforços de preservação dos produtores também ajudará a reparar sua imagem prejudicada. "Muitas vezes, os produtores são vistos como as pessoas que estão destruindo o meio ambiente, mas os proprietários de terras estão muito comprometidos em preservar os ecossistemas locais e o meio ambiente e quando as pessoas veem o que estamos fazendo por si mesmas, elas mudam de opinião. Estamos mostrando que é possível produzir e preservar simultaneamente", finaliza Carlos.