O sequestro de bezerros pós-desmama como uma estratégia para o período seco do Brasil

O sequestro de bezerros pós-desmame é então uma estratégia nutricional que pode ser utilizada por pecuaristas durante o período seco no Brasil, variando entre 45 e 150 dias, dependendo do objetivo do produtor. Esta técnica é geralmente realizada em confinamento ou em sistemas semi-intensivos para disponibilizar uma dieta adequada às necessidades dos animais, composta por suplementos e forrageiras de melhor qualidade quando comparado ao pasto seco. Assim, é possível  promover uma taxa de ganho de peso adequada e o desenvolvimento saudável dos animais.

O dimensionamento das baias, no caso do confinamento, varia principalmente entre 8 e 12 m² por animal, com tamanho de cocho mínimo de 30 a 50 cm por cabeça. Os bebedouros devem ser dimensionados de modo a atender o consumo de água necessário pelos animais, i.e., cerca de 8 a 10% em relação ao seu peso vivo e com um tamanho mínimo de 3m lineares para cada 125 animais, priorizando o bem-estar animal e a performance produtiva.

Além de reduzir os efeitos negativos da seca no ganho de peso, o sequestro dos bezerros permite também estimular o melhor aproveitamento do pasto na época das águas – em que este é normalmente mais disponível e nutritivo para o animal. Isso se deve ao fato de que a produção forrageira durante a época da seca é normalmente limitada e de baixa qualidade, o que significa que manter altas taxas de lotação neste período aumenta o risco de uma recuperação mais lenta durante o verão.

Em termo produtivos, a expectativa de ganho durante o sequestro de bezerros pode variar de acordo com vários fatores, como a qualidade e quantidade do suplemento fornecido, a disponibilidade de água, o tipo de manejo, entre outros. Geralmente, espera-se que o ganho de peso dos bezerros durante o sequestro seja entre 400 a 1000 gramas por dia aproximadamente, o que quando comparado à recria a pasto durante o período de seca, em que os ganhos esperados podem variar de -200 a 500 g/d –  a depender da estratégia nutricional e disponibilidade de pasto – faz com que o sequestro se torne uma opção bastante interessante. Esta diferença é mais significativa especialmente quando comparado aos casos da suplementação mineral a pasto, visto que na maior parte dos casos esta estratégia não atende às necessidades nutricionais dos bezerros em crescimento – principalmente em propriedades com pastagens de baixa disponibilidade de massa forrageira.

Já vimos que a maximização da performance é um fator importante na decisão de qual suplemento utilizar, porém a escolha do tipo de produto dependerá também das condições da propriedade e do objetivo do produtor. Não só o tipo de suplementação, mas todo o investimento em estrutura e planejamento anterior à sua implantação, dentre os principais, os custos de produção e a aquisição de animais e insumos precisam ser considerados criteriosamente. Os ganhos mais expressivos resultantes do sequestro demonstram que esta pode ser uma opção mais rentável quando comparado à suplementação mineral durante a seca, especialmente nos casos em que o mercado está disposto a pagar um preço mais alto por um animal mais precoce.

Resumindo, o retorno financeiro do sequestro de bezerros de corte pós-desmama é uma opção viável em relação à suplementação mineral durante a seca em um pasto de baixa qualidade, dependendo das condições da propriedade e dos custos de produção envolvidos. É portanto, muito importante fazer uma análise econômica detalhada junto ao técnico responsável antes da adoção desta prática na propriedade e não pode ser esquecido que suplementar corretamente os animais não só durante este período, mas também no período seguinte das águas, é muito importante para que seja mantido o desempenho característico da intensificação.