O excesso de minerais nas rações e sua interferência no desempenho natural dos peixes e na contaminação ambiental

Tatiane Vincunas

Supervisora Técnico e Comercial Aqua e Matéria-Prima

21 junho 2023
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5 minutos

Dentre os nutrientes essenciais para a manutenção das atividades fisiológicas e metabólicas dos peixes, estão os minerais. Os minerais são importantes para diversas funções do metabolismo dos peixes, entres elas se destacam a rigidez dos ossos, a manutenção do equilíbrio osmótico com o meio aquático e a manutenção do sistema nervoso e endócrino, além de serem componentes de enzimas envolvidas nos processos metabólicos. Mesmo com a baixa inclusão destes nutrientes nas rações, sua importância deve ser destacada.

Os peixes, diferentemente das demais espécies, adquirem significativa quantidade de minerais do ambiente em que vivem, a partir da filtragem da água pelo aparelho branquial e pela absorção via pele.

Hoje, há uma tendência quanto à superdosagem de minerais em rações comerciais para garantir um fator de segurança aos animais. No entanto, essa é uma preocupação para as populações naturais de animais aquáticos, sendo que o excesso de certos elementos metálicos nos tecidos, pode trazer potenciais impactos à saúde dos animais e à saúde humana.

O cobre é um importante princípio enzimático essencial para diversas enzimas e apresenta-se em altas concentrações em órgãos vitais. Com relação aos peixes, destacamos no presente artigo não a sua necessidade e deficiências em dietas, mas sim o seu uso desacerbado e toxicidade para estes animais.

Necrose de rins e fígado, retardo no crescimento e deficiência de zinco, são alguns indicativos de alto índice de cobre na água ou na dieta. Em relação à água, a contaminação ambiental devido ao uso excessivo deste mineral em dietas é um ponto a ser levado em consideração – em função do cobre na água ser mais tóxico aos animais do que na própria dieta.

Assim como o cobre, o uso de ferro e manganês em doses elevadas precisa ser levado em consideração devido à toxicidade e interferência no desempenho do animal; no caso do manganês, há prejuízo na absorção e metabolismo de cálcio e o comprometimento da resposta imune – fatores observados por excesso deste mineral tanto na dieta quanto na água.

A relação entre os níveis de cálcio e fósforo deve ser cuidadosamente ajustada em rações para peixes, uma vez que o excesso de fósforo e/ou cálcio na dieta interfere negativamente na disponibilidade de alguns minerais como o zinco, magnésio e ferro. Já em relação ao fósforo, deve-se levar em consideração que a prevalecente causa de inclusão deste mineral no meio ambiente ocorre em função das rações comerciais e excretas dos animais suplementados com altas doses de mineral.

A excreção do excesso de fósforo, prejudica os efluentes da piscicultura e compromete a qualidade da água, causando altas taxas de eutrofização e produção de compostos tóxicos aos peixes.

A degradação de ambientes aquáticos também produz uma série de impactos econômicos, como o aumento dos custos de tratamento de água, danos às atividades, como à própria aquacultura e danos à saúde humana em decorrência de doenças de veiculação hídrica.

Neste contexto, a adequada formulação e suplementação das dietas é fator crucial afim de evitar transtornos com a superdosagem destes nutrientes, tanto para os animais como para o meio ambiente e saúde humana.

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Tatiane Vincunas

Supervisora Técnico e Comercial Aqua e Matéria-Prima