Desafios na fase pré-inicial e seu impacto no desempenho de frangos de corte

09 janeiro 2017
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4 minutos

Considerada por muitos como a fase mais crítica, a chamada fase pré-inicial compreende, em média, os primeiros 7 dias de vida das aves de corte. Durante esta fase, a ave passa por um rápido desenvolvimento e se prepara para atingir o desempenho esperado ao abate.

Nessa idade, o pintinho tem um crescimento acelerado, multiplicando em média 4,5 vezes o seu peso inicial. Qualquer dificuldade ou agressão sofrida nesta fase implicará diretamente em queda no desempenho final da ave, elevando a mortalidade, os custos de produção e reduzindo o volume de carne produzido, assim como a perda de sua qualidade.

Para obter a energia e os nutrientes necessários por conta do acelerado crescimento, a ave dispõe de uma reserva natural (gema), que normalmente é absorvida completamente até o sétimo dia após o nascimento, além da ração fornecida para suprir e atender todas as exigências nutricionais inerentes a esta fase da vida.

Além dos níveis nutricionais, a qualidade e a inclusão adequadas das matérias-primas são de extrema importância para as rações.

Fatores antinutricionais, oxidação, putrefação, toxinas, entre outros, são características que podem acometer as matérias-primas, seja por aspectos naturais de cada ingrediente, falhas no seu processo de produção ou obtenção, ou mesmo devido a uma estocagem malfeita. Estes fatores, se não observados e minimizados, podem causar:

  • Dificuldades no processo de absorção dos nutrientes devido à menor biodisponibilidade.
  • Agressões às mucosas orais, levando a uma diminuição do consumo de alimento.
  • Diminuição da integridade intestinal, podendo causar trânsito rápido, com consequente redução na absorção dos nutrientes, e ainda demandar energia e nutrientes para a manutenção e reparação das estruturas agredidas.
  • Quadros de diarreias, que aumentam a excreção de líquidos e alimentos mal digeridos e contribuem para uma maior pressão de contaminação no aviário.
  • Imunossupressão dos animais, deixando-os mais suscetíveis a patógenos.

Sendo assim, para a escolha dos ingredientes e definições de suas matrizes nutricionais dentro das margens de segurança, manter a sua qualidade é fundamental. Deve-se fazer monitorias contínuas, se possível, no recebimento das matérias-primas, para podermos garantir a segurança e qualidade destes ingredientes e assim minimizar as agressões às aves.

Porém, nem sempre é possível manter o controle adequado das matérias-primas, seja pela indisponibilidade de um laboratório de análises de recebimento ou pela falta de oferta ou acesso a ingredientes de maior qualidade. Assim, para minimizar o impacto negativo na primeira semana de idade das aves, empresas de nutrição especializadas em produzir dietas pré-iniciais fornecem rações com níveis nutricionais adequados, alto controle de qualidade das matérias-primas, além de alta performance de produção com granulometria e formato ideais. A forma peletizada contribui para uma melhor absorção dos nutrientes, evita a seleção dos ingredientes e garante o consumo adequado da dieta desenhada, obtendo uma redução do gasto energético pela diminuição do tempo de consumo.

Além disso, verificamos no gráfico acima que o metabolismo das linhagens de corte é mais lento durante os primeiros 21 dias de vida quando comparado ao seu metabolismo após essa idade, o que pode ser notado na mudança de inclinação das curvas antes e após o 21º dia. Esta redução faz com que o apetite da ave seja suprimido e, consequentemente, o consumo de ração pode não ser suficiente para sanar todas as necessidades nutricionais dos animais. Devido a essa característica, deve-se atentar ao manejo adequado, buscando estimular o consumo de ração, a fim de garantir a ingestão nutricional adequada e o máximo aproveitamento de seu potencial genético.

Várias estratégias podem ser usadas para melhorar o consumo de ração nesta fase, na tentativa de evitar desuniformidades e quedas no desempenho zootécnico:

  • Superoferta de alimentos, com quantidade abundante de comedouros e bebedouros, além do uso de papel na cama para fornecimento de ração e estímulo sonoro às aves.
  • Manejar corretamente a temperatura e a umidade (sensação térmica), trabalhando com uma sensação um pouco abaixo da indicada para a idade, mantendo as aves dentro da zona de conforto térmico, evitando assim a sonolência e estimulando o consumo de ração.
  • Manejar cortinas e luminosidade em busca da melhor qualidade de ar com níveis baixos de co2 (o que evita sonolência), além do estímulo luminoso para ativar as aves e, mais uma vez, estimular o consumo.
  • Ofertar rações de alta qualidade para reduzir possíveis impactos causados por fatores antinutricionais e degradação das matérias-primas. Rações peletizadas e trituradas com tamanhos de partícula em torno de 2,2 mm melhoram a eficiência e o aproveitamento dos nutrientes, além de evitar a seleção dos ingredientes. Isso garante que a ave mantenha um consumo homogêneo dos nutrientes formulados.

Todos estes pontos são primordiais para garantir que as aves atinjam seu máximo desempenho. Para que as dificuldades e adversidades encontradas no manejo da primeira semana sejam minimizadas, conclui-se que há a necessidade de atenção com a qualidade do ambiente onde elas estão sendo criadas, sempre visando seu conforto e melhor desenvolvimento. Do mesmo modo, deve-se fornecer às aves um alimento de qualidade com níveis nutricionais e granulometria adequados, para ajudá-las na formação da estrutura corporal necessária para atingirem o peso, o rendimento de carcaça e a conversão alimentar ótimos, evitando assim perdas produtivas e econômicas, trazendo como resultado carne de alta qualidade com custo acessível.