Carne bovina: você sabia que podemos manipular a dieta dos bovinos e produzir uma carne mais saudável?

08 junho 2020
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3 minutos

Nosso nutricionista da área de Ruminantes, Emanuel Oliveira, destaca pontos importantes sobre a produção da carne bovina.

Por muitos anos o consumo de carne bovina foi associado a uma grande quantidade de atributos negativos como aumento do índice de colesterol, doenças coronarianas e câncer. Estas características negativas sempre foram baseadas na composição da gordura da carne, com alta quantidade de ácidos graxos saturados, que influenciam negativamente na saúde humana.

No entanto, estudos mais recentes comprovaram que a carne bovina pode ser o herói desta história! Este nobre alimento é necessário para a composição de dietas saudáveis, sendo considerada um “alimento funcional” por fornece nutrientes essenciais como proteínas de alto valor biológico, vitaminas A, B6, B12, D, E e ainda minerais como o ferro, o zinco e o selênio, com grande biodisponibilidade. Além disso, existem diversas evidências de que a carne contendo um perfil adequado de ácidos graxos pode contribuir na prevenção e inibir o desenvolvimento de algumas doenças.

Como produzir uma carne com gordura mais saudável?

Para um entendimento mais fácil, podemos considerar que os ácidos graxos são as unidades básicas que formam as gorduras e estão presentes em todos os seres vivos, desempenhando diversas funções nos componentes estruturais das membranas celulares e nos processos metabólicos. Dependendo de sua classificação, os ácidos graxos poderão influenciar positiva ou negativamente na saúde humana e, portanto, o balanceamento entre eles é de fundamental importância para uma dieta saudável.

Por exemplo, a carne bovina possui em sua gordura os ácidos graxos,  linoléico (C18:2 n6) e alfa linolênico (C18:3 n3), muito importantes em seres humanos, pois estes dois elementos são necessários para manter sob condições normais as membranas celulares, as funções cerebrais, a transmissão de impulsos nervosos e ainda participam da transferência do oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, da síntese de hemoglobina e da divisão celular. Baseado no contexto em que a carne é rica em elementos que possam auxiliar na saúde humana, podemos trabalhar na nutrição dos animais para que eles respondam metabolicamente com um produto desejável.

É comprovado por muitas pesquisas que animais terminados no pasto apresentam carne com melhor perfil lipídico (mais saudável) quando comparado a animais suplementados com grande quantidade de grãos ou mesmo aos animais engordados no confinamento. Uma vantagem muito interessante para pecuária brasileira em que a base de sua exploração é a pasto. Até em países como nos Estados Unidos e Austrália (conhecidos pela engorda de 90% dos animais em confinamento) é possível observar regiões em que o “Grass Fed Beef” (animais produzidos no pasto) é uma demanda do mercado consumidor.

Mesmo observando certa vantagem do ponto de vista nutricional para a carne de animais produzidos no pasto em comparação aos engordados no confinamento, é possível trabalhar as dietas para melhorar a qualidade da gordura da carne produzida por animais confinados. A associação de concentrados compostos com diferentes precursores de ácidos graxos desejáveis (principalmente óleos vegetais) à saúde humana, juntamente com a utilização de forragem verde como a cana-de-açúcar, pode proporcionar aos animais em confinamento uma condição favorável para a síntese de ácidos graxos desejáveis, melhorando a composição lipídica da carne desses animais.

De maneira geral, os avanços nutricionais observados nos últimos anos permitem ao formulador buscar a produção de um alimento extremamente completo e que ainda possa trazer benefícios à saúde dos consumidores.

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