O novo frango e os desafios da fase pré-inicial

09 janeiro 2017
-
3 minutos

Aspectos importantes para melhora do desempenho dos frangos de corte, minimizando alguns desafios da fase pré-inicial

Considerada por muitos como sendo a fase mais crítica, a chamada fase pré-inicial compreende, em média, os primeiros 7 dias de vida das aves de corte. Durante esta fase, a ave passa por um rápido desenvolvimento e se prepara para ter o desempenho esperado ao abate.

Nesta idade, o pintinho tem um crescimento acelerado, multiplicando em média 4,5 vezes o seu peso inicial. Qualquer dificuldade ou agressão sofrida nesta fase implicará diretamente em queda no desempenho final da ave, elevando a mortalidade, os custos de produção e reduzindo o volume de carne produzido, assim como perda de sua qualidade.

Para obter a energia e os nutrientes necessários por conta do acelerado crescimento, a ave dispõe de uma reserva natural (gema), que normalmente é absorvida completamente até o sétimo dia após o nascimento, além da ração fornecida para suprir e atender todas as exigências nutricionais inerentes à esta fase da vida.

Além dos níveis nutricionais, a qualidade e inclusão adequadas das matérias-primas são de extrema importância para as rações.

Fatores antinutricionais, oxidação, putrefação, toxinas, dentre outras, são características que podem acometer as matérias primas, seja por aspectos naturais de cada ingrediente, falhas no seu processo de produção ou obtenção, ou mesmo devido a uma estocagem malfeita. Estes fatores, se não observados e minimizados, podem causar:

- Dificuldades no processo de absorção dos nutrientes -devido à menor biodisponibilidade.

- Agressões às mucosas orais –levando a uma diminuição do consumo de alimento.

- Diminuição da integridade intestinal –podendo causar transito rápido, com consequente redução na absorção dos nutrientes, e ainda demandar energia e nutrientes para a manutenção e reparação das estruturas agredidas.

- Quadros de diarreias – que aumentam a excreção de líquidos e alimentos mal digeridos e contribuem para uma maior pressão de contaminação no aviário.

- Imunossupressão dos animais - deixando-os mais susceptíveis à patógenos.

Sendo assim, para a escolha dos ingredientes e definições de suas matrizes nutricionais dentro das margens de segurança, manter a sua qualidade é fundamental. Deve-se fazer monitorias contínuas, se possível, no recebimento das matérias-primas, para podermos garantir a segurança e qualidade destes ingredientes e assim minimizar as agressões às aves.

Porém, nem sempre é possível manter o controle adequado das matérias-primas, seja pela não disponibilidade de um laboratório de análises de recebimento ou pela falta de oferta ou acesso a ingredientes com maior qualidade. Assim, para minimizar o impacto negativo na primeira semana de idade das aves, empresas de nutrição especializadas em produzir dietas pré-iniciais, fornecem rações com níveis nutricionais adequados, alto controle de qualidade de matérias primas, além de alta performance de produção com granulometria e formato ideais. A forma peletizada contribui para uma melhor absorção dos nutrientes, evita a seleção dos ingredientes e garante o consumo adequado da dieta desenhada, obtendo uma redução do gasto energético ocorrida pela diminuição tempo de consumo.

Além disso, verificamos no gráfico acima que o metabolismo das linhagens de corte é mais lento durante os primeiros 21 dias de vida quando comparado ao seu metabolismo após esta idade, o que pode ser notado na mudança de inclinação das curvas antes e após o 21º dia. Esta redução faz com que o apetite da ave seja suprimido e, consequentemente, o consumo de ração pode não ser suficiente para sanar todas as necessidades nutricionais dos animais. Devido esta característica, deve-se atentar ao manejo adequado, buscando estimular o consumo de ração, a afim de garantir a ingestão nutricional adequada e o máximo aproveitamento de seu potencial genético.

Várias estratégias podem ser usadas para melhorar o consumo de ração nesta fase, na tentativa de evitar desuniformidades e quedas no desempenho zootécnico:

- Superofertar alimentos, com quantidade abundante de comedouros e bebedouros, além do uso de papel na cama para fornecimento de ração e estimulo sonoro às aves.

- Manejar corretamente a temperatura e a umidade (sensação térmica), trabalhando com uma sensação um pouco abaixo da indicada para a idade, mantendo as aves dentro da zona de conforto térmico, evitando assim, a sonolência e estimulando o consumo de ração.

- Manejar cortinas e luminosidade em busca da melhor qualidade de ar com níveis baixos de CO2 (que evita sonolência) além do estímulo luminoso para ativar as aves e, mais uma vez, estimular o consumo.

- Ofertar rações de alta qualidade para reduzir possíveis impactos causados por fatores antinutricionais e degradação das matérias-primas. Rações peletizadas e trituradas com tamanhos de partícula em torno de 2,2mm melhoram a eficiência e o aproveitamento dos nutrientes, além de evitar a seleção dos ingredientes. Isso garante que a ave mantenha um consumo homogêneo dos nutrientes formulados.

Todos estes pontos são primordiais para garantir que as aves atinjam seu máximo desempenho. Para que as dificuldades e adversidades encontradas no manejo da primeira semana sejam minimizadas, conclui-se que há a necessidade de atenção com a qualidade do ambiente onde elas estão sendo criadas, sempre visando seu conforto e melhor desenvolvimento. Do mesmo modo, deve-se fornecer às aves um alimento de qualidade com níveis nutricionais e granulometria adequados, para ajudá-las na formação da estrutura corporal necessária para atingirem o peso, o rendimento de carcaça e a conversão alimentar ótimos, evitando assim, perdas produtivas e econômicas, trazendo como resultado, carne de alta qualidade com custo acessível.