Aspectos relevantes da nutrição e manejo de pintainhas nas fases de cria e recria

05 outubro 2018
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3 minutos

A cadeia brasileira de produção avícola se destaca no cenário mundial do agronegócio, graças ao fortalecimento e sinergismo entre os elos: genética, nutrição, manejo, ambiência e sanidade. Por possuírem forte impacto sobre os resultados zootécnicos e econômicos, toda falha ou descuidos em qualquer um desses elos compromete a viabilidade da produção, cada vez mais competitiva e sensível a quaisquer variações.



A fase de cria e recria de poedeiras comerciais são períodos extremamente críticos na vida de um lote. Nesta fase é onde ocorre o desenvolvimento e maturação fisiológica dos principais sistemas da ave: órgãos internos, digestório, esquelético, imunológico e reprodutivo.

Nutrição

No que se refere à nutrição das pintainhas, são inúmeros os desafios à campo que podem afetar a expressão de todo o potencial genético da ave, dentre eles podemos citar:

  • Formulações de rações com níveis nutricionais inadequados;
  • Variabilidade na composição e na qualidade das matérias primas utilizadas no preparo das rações;
  • Consumo de ração inadequado, aumentando a desuniformidade dos lotes;
  • Falhas nos processos de produção das rações, o uso de equipamentos inadequados, tecnologicamente defasados, que podem reduzir a qualidade da ração, por deficiências de moagem, dosagem e mistura;
  • Qualidade e quantidade de equipamentos na granja, associado aos problemas de manejo e elevada densidade assumem o papel dos grandes vilões do ciclo de produção;

Outro ponto relevante diz respeito ao fato de que o Brasil, com sua dimensão continental, dispõe de uma logística bastante complexa, fator este que pode impactar negativamente no desempenho das pintainhas nos primeiros dias de vida. Isto ocorre porque, o transporte das aves do incubatório até a granja pode durar muitas horas e dependendo da região até dias, uma vez que as empresas multiplicadoras das linhagens de postura comercial concentram-se em grande parte nas regiões sudeste e sul do país, o que dificulta o acesso rápido ao alimento e faz com que as aves utilizem mais das suas reservas corporais para manutenção fisiológica. Por isso, um bom manejo no recebimento das pintainhas é fundamental para que haja maior estímulo ao consumo de ração.

Em relação as fases de cria e recria é importante ainda considerar a concentração dos manejos mais estressantes, criteriosos e impactantes para ave, por exemplo: a debicagem, transferências de galpões e vacinações, impactando o desempenho, sobretudo no ganho de peso e uniformidade das aves. Com uma nutrição adequada, tecnológica e embasada cientificamente é possível minimizar esses impactos, fazendo com que as aves suportem as práticas de manejo, garantindo o desenvolvimento corporal e a uniformidade do lote.

A desuniformidade é um dos principais parâmetros observados à campo quando há algum desajuste nutricional nas fases de cria e recria, e isso reflete no início da produção dos ovos. Portanto, priorizar a uniformidade na fase inicial e recria é de fundamental importância para facilitar, tanto os processos de manejo das aves quanto viabilizar a produção das mesmas.

Assim, as aves que estão cada vez mais precoces, necessitam de programas nutricionais específicos para acompanhar a exigência fisiológica, promovendo o desenvolvimento satisfatório, principalmente nas primeiras três semanas de vida.

Outro ponto importante nesta fase é a existência de uma correlação positiva elevada entre o peso vivo atingido às 5 semanas e determinadas características produtivas, como a maturidade sexual, taxa de postura, persistência no pico de produção e viabilidade das aves até 72 semanas.

Na fase pré-inicial (1-3 semanas) o consumo de ração em relação ao peso da ave é maior quando comparada a fase de postura (Tabela 1), a ração tem participação crucial no fornecimento adequado dos nutrientes ao organismo da ave, uma vez que esta não possui reservas corporais suficientes para suprir um possível desequilíbrio nutricional.

Tabela 1. Relação entre consumo de ração x peso corporal de poedeiras comerciais

IDADE (semanas)

Consumo de ração (g/dia)

Peso Corporal (g)

Consumo / Peso

1º semana

8

73

12%

2º semana

13

130

10%

3º semana

20

190

11%

Postura

96-115

1,6 -2,1 kg

6%

*Desempenho médio de algumas linhagens de postura.

Neste sentido, é de extrema relevância ajustar os nutrientes da ração para que a demanda nutricional seja atendida ao máximo, pois a redução nutricional e de consumo durante as 6 primeiras semanas de vida apresentaria um efeito negativo mais evidente na performance da ave no período de produção.
 

Considerações finais

 Formar frangas saudáveis e uniformes é o principal objetivo nas fases iniciais e na recria da postura comercial, para isso devemos fornecer suporte necessário para que as aves suportem uma etapa de produção cada vez mais mais exigente, longa e produtiva. Neste sentido, a nutrição balanceada nas primeiras semanas de criação exerce um papel fundamental para se alcançar os índices zootécnicos e econômicos desejáveis durante todo o ciclo de produção.